sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O que é ecumenismo?

Esta é uma pergunta que muita gente se faz, pois sempre ouvimos alguém dizer que é ecumênico, ou que vive uma espiritualidade ecumênica, ou ainda que participe de encontros e celebrações ecumênicas. No entanto, alguns cristãos não têm uma idéia clara do que seja ecumenismo, diz muitas coisas contra o movimento ecumênico, sem conhecer as orientações do Concílio Vaticano II (1962-1965) que promulgou um Decreto chamado Unitatis Redintegratio sobre o ecumenismo no dia 21 de novembro de 1964. Mas vamos conversar um pouco sobre este tema que diz respeito a todos os cristãos.
É importante a gente saber que a palavra ecumenismo foi usada em diferentes épocas com diferentes contextos. Nos primeiros séculos do cristianismo, ecumenismo designava todo o mundo conhecido, ou seja, o território dominado pelo Império Romano. Hoje em dia, este termo é usado com outro significado, pois entendemos ecumenismo como a busca da unidade visível dos discípulos de Jesus que por diversas circunstâncias históricas, encontram-se hoje separados. Pois é o desejo do próprio Cristo quando ora ao Pai pedindo a unidade: “Que todos sejam um, para que o mundo creia” (Jo 17,21). Dessa maneira, todo esforço de reaproximação, de reconhecimento fraterno, de respeito, de abertura ao outro, de diálogo, enfim, toda e qualquer iniciativa para a reintegração dos cristãos na unidade é chamado de movimento ecumênico.
Agora nós sabemos que ecumenismo é a busca da reintegração dos cristãos na unidade. Mas você pode se perguntar, que ‘significa reintegração dos cristãos na unidade’? Será que significa reunir todas as pessoas numa só tradição cristã? Ou, significa todo mundo ser católico-romano? Talvez signifique todos serem luteranos ou anglicanos? Ou ainda, todo mundo ser ortodoxo ou metodista? Não!!! Pois a unidade da Igreja, historicamente dividida não se faz na uniformidade, mas na diversidade das tradições eclesiais. O esforço ecumênico de nossas Igrejas não significa que queremos formar uma “super-igreja”, mas queremos expressar a unidade da Igreja que já existe no mistério de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, ou seja, a unidade da Igreja se faz no seio da Trindade, é visivelmente percebida por meio do testemunho da fé apostólica, da celebração dos sacramentos, especialmente, do Batismo e Eucaristia, do ministério pastoral, da oração comum, do serviço da caridade, na meditação e pregação do único Evangelho, da comunhão no amor entre as Igrejas e no serviço ao Reino de Deus.
O movimento ecumênico, no qual muitas Igrejas cristãs participam (inclusive a nossa), é considerado um fruto da ação do Espírito de Deus, que quer unir na fé, esperança e amor todos os discípulos de Cristo das mais diversas tradições cristãs. A diversidade entre as Igrejas cristãs não é um erro, e sim um valor, pois manifesta múltiplas formas da experiência do único Deus e Pai, que por meio de Jesus nos congrega pela ação do Espírito Santo na única Igreja de seu Filho, chamada a ser em Cristo sacramento ou sinal e instrumento da união com Deus e da unidade de toda a família humana.
O caminho do movimento ecumênico não é fácil, pois nos solicita duas atitudes fundamentais, que por sinal, são radicalmente provenientes do coração de Jesus: o amor e o perdão. Somente pessoas abertas ao diálogo são capazes de vivenciar a espiritualidade ecumênica, e mais ainda, serão capazes de colaborar para que a reintegração dos cristãos na unidade seja um testemunho do amor de Cristo que nos faz irmãos e irmãs, sem preconceitos, sem desconfiança e sem ressentimentos. O diálogo, o respeito, o procurar conhecer as expressões de fé da nossa Igreja e saber as razões pelas quais nossos irmãos de outras Igrejas dizem ou fazem diferente de nós são atitudes de pessoas que aprenderam a viver e a comunicar perdão e o amor.


Autor: Delmiro Vieira do Nascimento Júnior, sdb.
Assessor paroquial para a dimensão ecumênica e inter-religiosa

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